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logo "PODERIA TER OCORRIDO COM O SEU FILHO!"- a tragédia de S. Caetano - Cláudio Silva - Colunistas - AN Notícias

Apucarana, 26 de Abril de 2024

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Cláudio Silva
Educação
Ex-secretário de Educação em Apucarana e ex-presidente da UNDIME-PR. É proprietário da Escola Nossa Senhora da Alegria e Colunista do AN Notícias e Jornal Apucarana Notícias.
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, pois o Site e Jornal Apucarana Notícias pode não comungar com as mesmas ideias.
16/10/2011 11h09

"PODERIA TER OCORRIDO COM O SEU FILHO!"- a tragédia de S. CaetanoUma oportunidade para reflexão sobre a ciberdependência

O que pode levar uma criança de 10 anos a atentar contra a vida de sua professora, e em seguida tirar a própria vida? Quais as verdadeiras causas? Perguntas que dificilmente serão totalmente esclarecidas. Principalmente, porque não foram encontrados motivos graves que “justificassem” o ato. Pelo que foi noticiado, era um garoto equilibrado, oriundo de lar estruturado, socialmente bem relacionado, cantava na igreja, e na escola tinha comportamento exemplar. Provavelmente, não se diferencie do perfil de filhos de muitos dos que neste momento leem esta crônica. Daí a grande preocupação. Se aconteceu com ele...

Como prevenir? Exatamente pela exiguidade de informações consistentes, preferimos não nos aprofundar no fato específico, mas a partir dele, provocar a reflexão sobre uma dentre tantas possibilidades. A de que a causa, poderia, por exemplo, estar relacionada com a ciberdependência, ou vício do computador. Um fenômeno crescente, com o qual, pais e educadores ainda não sabem exatamente como lidar.

Hoje, cada vez mais, muitas pessoas, dentre elas, e eu diria, sobretudo, crianças e jovens, vivem como que num mundo paralelo. O dos games e dos relacionamentos virtuais. Perdem a noção do tempo, passando horas, e mesmo varando noites, imersos em uma “outra realidade”. Num outro “mundo”, no qual eles desenvolvem como que outras personalidades. A mídia tem apresentado com relativa frequência casos de pessoas que na vida real são tímidas e recatadas, e que buscam através da virtualidade conquistar os relacionamentos desejados, expondo-se aos perigos que este tipo de expediente apresenta. Pelo que se depreende, ali se mostram soltos, desinibidos e até ousados. Uma das novelas de TV do momento tem apresentado um personagem com essas características. E no aspecto da violência, alguns , ao que parece, chegam a assumir a “personalidade” de personagens de games, que em certos casos são criados com características de fortes , corajosos e por vezes vingativos e assassinos.

E, pergunta-se, não seria possível, em algum momento haver confusão mental, na perigosa confluência das duas “realidades”? Trazendo para a vida real, as personalidades vivenciadas no mundo virtual?  Com a palavra os psicólogos e psiquiatras. A nós, outros, cabe chamar a atenção para o perigo.

Porque vários fatos parecidos com o de São Caetano já ocorreram em passado recente, gerando tragédias e comoção.  Relembramos três casos, pelas repercussões à época. O primeiro, talvez umas das referências mais impactantes, ficou conhecido como O massacre de Columbine. Aconteceu em 1999, em uma prestigiosa escola de ensino médio dos Estados Unidos. Dois estudantes, de 18 e 17 anos, atiraram em vários colegas e professores, deixando um saldo de 13 mortos e 21 feridos. No mesmo ano, aqui no Brasil, em São Paulo, um estudante de Medicina, de 24 anos, descarregou um pente de submetralhadora na plateia de um cinema, matando três pessoas e ferindo outras cinco. Em 2007, novo massacre, dessa vez na Universidade Estadual da Virgínia, em que um estudante de 23 anos, mata 32 pessoas e deixa mais quinze feridas, suicidando-se a seguir.  Os três casos, pelo que foi noticiado, guardavam em comum, dentre outros fatores, uma intensa convivência dos seus autores com o mundo “virtual”. Indo de relacionamentos suspeitos e vício em games violentos, a frequência a sites de comunidades que pregam o ódio e a violência.

A interatividade, característica dos games, induz à sensação de penetrar na realidade virtual. A esse respeito é oportuno para reflexão o trecho referenciado a seguir:

“[...] a trama ultraviolenta dos jogos, que excitava o psiquismo dos jovens a tal ponto que gerava uma massa de ciberdependentes. A ciberdependência produzia sintomas semelhantes aos da dependência psicológica da cocaína: atração irresistível, ansiedade, intolerância à frustração, impulsividade, além de insônia e humor depressivo na ausência da substância. Muitos usuários ficavam tão fissurados nos jogos que varavam as madrugadas ligadas ao aparelho, frequentemente escondidos dos pais. Em um dos games, o que mais atraía a juventude, o perdedor era assassinado ou se suicidava virtualmente. Eram jogos perigosíssimos, que atentavam contra a consciência crítica e reproduziam as loucuras de ditadores. Hitler, no auge do poder, protagonizou uma indústria de assassinatos e, no calabouço da derrota, matou seus filhos e suicidou-se. [...] as consequências do vício nesses jogos não poderiam ser piores: zero de resiliência, ou a capacidade de suportar contrariedades; zero de capacidade de expor, em vez de impor as ideias; zero de habilidade de pensar em outras possibilidades.”

 

Quanto tempo por dia o seu filho fica conectado no mundo virtual? Hoje já não dá mais para usar a expressão “fica diante do computador”, porque agora ele nos acompanha através do próprio celular. Proporcionalmente, seu filho passa mais tempo no “mundo real” ou no “mundo virtual”?  Se no mundo virtual, o que vê? Com quem se relaciona? E se no mundo real, qual está sendo a qualidade desse tempo vivido? Aos pais e educadores, cabe, além do acompanhamento e orientação sobre comportamentos saudáveis, o trabalho permanente para conferir qualidade aos momentos de convivência, sobretudo em família e na escola. Recordava o velho sábio: “Se o espírito não é alimentado com coisas edificantes, poderá sê-lo com o que envenena a mente e a alma!”.

Pense nisso!

 

(Se achou esta crônica interessante, poste seu comentário abaixo ou por e-mail. Sua referência é importante para nós.)

*Cláudio Silva é mestre em Educação, Secretário de Educação de Apucarana-PR e ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR.                                                                                                                      

Bibliografia:

  • CURY, A. O semeador de ideias – São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2010. p.78

Ficha Técnica:

Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)

Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma

 

Acesse  o  blog  do  Prof. Cláudio  Silva em http://profclaudiosilva.blogspot.com