Cláudio Silva Educação |
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Ex-secretário de Educação em Apucarana e ex-presidente da UNDIME-PR. É proprietário da Escola Nossa Senhora da Alegria e Colunista do AN Notícias e Jornal Apucarana Notícias.
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"Tá faltando tempero, Zé!"uma lição importante
Tempero é algo essencial. Um comercial fez sucesso tempos atrás divulgando as propriedades de um produto para realçar o sabor dos alimentos. Finalizava com o refrão de uma música popular, “É o Amor”. Essencialmente, induzia a pensar sobre a importância de se colocar amor no que fazemos. Uma observação importante, porque quando as coisas são executadas mecanicamente, podem deixar de ser realizantes. Ensina a sabedoria que quando o seu fazer deixa de ser também o seu prazer, é indício de que algo já não anda bem. Uma luz vermelha foi acesa.
Certa vez comentei sobre essas impressões com a minha esposa, fazendo uma analogia com pessoas que mantém flores de plástico em cima da mesa. Todos os dias tiram-nas do lugar, espanam o local e as recolocam mecanicamente. Diferentemente da experiência de ir ao jardim, contemplar, selecionar, colher e organizar um arranjo floral. Este ato faz como que algo de si esteja sendo colocado e conferirá uma marca de personalidade e originalidade ao ambiente. A contemplação da natureza tem sido recomendada inclusive como medida terapêutica, por conferir bem estar e equilíbrio, pois o próprio processo induz ao saudável exercício dos sentidos, como a visão, o olfato e a audição. Esse diálogo acabou rendendo o poema Flores de Plástico, de autoria de Luzia Silva, com o qual vários amigos já foram presenteados.
Tudo o que fazemos deve ser revestido de um sentido mais profundo. Evangelicamente, é viver intensamente o tempo que se chama hoje. Cícero (106 – 43 a.C.), considerado um dos maiores oradores da Roma antiga, denominava de “movere” o seu toque especial, ou seja , aquilo com que ele impactava, conferia sua marca pessoal. O filósofo Sêneca (63-65 d.C.), recomendava numa de suas famosas cartas ao amigo Lucílio: “aproveita todas as horas; serás menos dependente do amanhã, se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai.” O trabalho que realizamos, diz RIOS (2002), terá significação de verdade “se for um trabalho que faz bem”, isto é, um trabalho que fazemos bem, do ponto de vista técnico, e um trabalho que faz bem, a nós e àqueles a quem o dirigimos.
Perguntei certa vez ao meu amigo, hoje aposentado, Professor João Mareze, uma lenda no ensino da matemática:
- Professor, qual foi o segredo do seu sucesso?
Sua sábia resposta foi lapidar:
- Professor Cláudio, se porventura existiu algum segredo, foi o de rasgar os meus planejamentos ao final de cada aula ministrada.
Assim, em todas as dimensões da vida, das tarefas mais simples do dia-a-dia, às complexidades dos compromissos profissionais, nada deve ser “apenas algo mais”, mas ser revestido de um “algo a mais”, um “tempero” especial. Experimente preparar um café da manhã para a família nesta perspectiva e fique atento aos resultados. É também de Sêneca a importante recomendação de que um dos segredos para reinventar a vida é viver cada dia como se fosse o primeiro ou o último. Ou seja, o mais importante de nossas vidas. E executar cada atividade com uma intensidade nova. Essa mudança de focalização, com certeza, vai provocar uma nova postura frente à vida, a ser vivenciada de forma mais positiva e proveitosa. E impactará positivamente nossas relações familiares e socioprofissionais.
Uma agradável revolução!
Pense nisso!
(Se achou esta crônica interessante, poste seu comentário abaixo. Sua referência é importante para nós.)
*Cláudio Silva é mestre em Educação, Secretário de Educação de Apucarana-PR e ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR. (mais textos do professor poderão ser acessados em http://profclaudiosilva.blogspot.com)
Bibliografia:
· REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2000
· RIOS, Terezinha Azeredo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade - 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2002
· SÊNECA. Aprendendo a viver. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma