Manifestações de junho de 2013 não tiveram impacto nas eleiçõesPadrão dos vencedores da campanha foi parecido com o de 2010

O primeiro indicativo de que pouca coisa mudou não está apenas na reeleição de Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB), mas em como acabou o primeiro turno. Em 2010, PT e PSDB, juntos, fizeram 79,5% dos votos. Quatro anos depois, os dois fizeram 75,1% – ou seja, a polarização política na disputa presidencial, que ocorre desde 1994, se manteve inalterada.
Nas eleições para governador, a história se repetiu. A taxa de reeleição em 2014 foi ligeiramente menor do que a de 2010 e 2006 (61%, contra 65% e 71%, respectivamente) – longe de fugir do padrão. Além disso, a renovação foi maior em estados pequenos, distantes dos epicentros das manifestações. Nos grandes, a tendência foi de reeleição ou de eleição do candidato apoiado pelo atual governador. Nos dez maiores colégios eleitorais do país, em apenas três a oposição ganhou: Minas Gerais, Rio Grande do Sul (único estado que nunca reelegeu um governador) e Maranhão (mais em função do desgaste da família Sarney do que por qualquer outro motivo).
Na Câmara, o porcentual de renovação foi ligeiramente mais alto do que nas eleições passadas (44% contra 46%). Mas isso se deve mais ao número relativamente baixo de candidatos à reeleição (391, o menor desde 1990) do que ao desejo de mudança do eleitor. A taxa de sucesso dos deputados que tentaram a reeleição foi uma das mais altas da história: 69,8%, inferior apenas à de 2010, de 70,2%.
Discurso
Se nas urnas o eleitorado manteve o padrão de escolha das eleições anteriores, no discurso as jornadas colaboraram para pautar as campanhas dos principais candidatos. Aécio, por exemplo, focou sua comunicação no slogan da mudança – a começar pelo nome de sua coligação: Muda Brasil. No último debate, ele tentou se aproveitar da aversão manifestada nas jornadas de junho pelos partidos políticos dizendo que não era o “candidato de um partido, e sim de um sentimento de mudança”.
Dilma, por outro lado, mesmo sendo candidata à reeleição, teve na sua campanha o “muda mais” como palavra de ordem. Além disso, já no seu discurso de vitória, apontou para a necessidade de uma reforma política.